Os voluntários da segunda caravana emergencial de Missões Mundiais a Moçambique vivem uma semana intensa. Engenheiros, socorristas, profissionais da saúde, administrador de empresa, técnico em radiologia, psicoterapeuta e psicanalista, químico, psicólogo. Cada um com um dom, um talento. Mas todos com uma missão: levar a verdadeira alegria, que é Jesus Cristo, a um povo ainda ferido por uma recente catástrofe natural. Um povo que precisa reerguer suas casas, suas igrejas, sua família (muitas perdidas), sua autoestima, sua alma. 

Ao longo desta semana, os voluntários foram incansáveis, vivendo o Reino na prática. Quem vê a alegria expressada em fotos que chegam direto do campo, não acredita que eles, mesmo passando um dia inteiro de atendimentos clínicos ou psicológicos, ou de evangelismo, ou de recreação com crianças, de construção e reparo de imóveis, ainda encontram forças para caminhar até 7 km por um matagal de volta ao local de hospedagem, onde só terão tempo para um banho, uma simples refeição e poucas horas de sono. 

Parece que, além da força do Espírito Santo, o exemplo da alegria do povo moçambicano move os nossos voluntários. São crianças, mulheres e homens, pessoas de todas as idades, que não se cansam de expressar sua gratidão por meio de cânticos e danças. 

“Falando um pouquinho do amor de Jesus para crianças, pude perceber que elas não perdem a esperança diante de uma realidade desfavorável”, disse o voluntário Glauber Bressanin, fisioterapeuta. 

Os adultos estão também muito interessados em não apenas receber, mas em aprender com os voluntários. Eles participaram de palestras na área de saúde, aprenderam técnicas específicas de construção civil. Os voluntários consideram positivo o interesse da comunidade em receber conhecimento. 

Em meio ao corre-corre diário, na corrida contra o tempo, os voluntários ainda têm tempo de refletir sobre o que têm diante de seus olhos e mexe com suas emoções. 

“Durante uma atividade proposta em uma intervenção comunitária eu observava um grupo de cerca de 20 crianças (das cerca de 200 presentes). Alguns desenhos se destacaram, como o desse menino (foto). Não vou contar o que ele me disse, mas observe que o desenho parece um espelho de seu estado. Talvez ali possa ter expressado neste espaço simples a angústia de ter passado por um desastre”, comentou Davi Masi,  psicólogo. 

Essas crianças não tinham brinquedos. Não havia papel e lápis para todos, muito menos mesas e cadeiras. Mas havia o chão, a terra, para elas se expressarem. 

A equipe formada por profissionais da Construção Civil precisou literalmente pegar no pesado. Mas não faltaram braços. Moçambicanos estão totalmente envolvidos e interessados em aprender ainda mais. Com equipamentos adequados comprados, voluntários e nativos cortam madeira, colocam telhas, preparam as ferramentas, planejam construções e muito mais. Várias salas de aula que foram destelhadas pelo ciclone já têm um teto novo. 

“Eles tiram essas toras do mato no Machado, a 50km de distância. Eles não podem usar outro tipo de transporte porque serão desclassificados como nativos e terão que pagar impostos. Viajam quase 18h para chegar na serraria, caminham das 21h até 17h do outro dia”, conta João Baptista, Engenheiro Civil. 

Gratidão! Este tem sido o sentimento dos moçambicanos. Foi assim com uma paciente atendida pela fisioterapeuta Gabriela Silva. 

“Ela chegou até a mim com dores no joelho e na coluna. Após receber o tratamento e ficar curada, dançou e pulou de alegria e gratidão”, conta Gabriela. 

Em Moçambique é muito comum ver as pessoas carregando grandes cargas sobre a cabeça, como a menina registrada na foto abaixo pelo psicólogo Davi.

"Desde pequena esta menina já está aprendendo. Nós, por outro lado, carregamos grandes cargas psicológicas. A Bíblia diz em Gálatas 6.2: Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo. Qual é a sua carga? A reflexão é que possamos nos ajudar em nossas dificuldades. Seja proativo em dar suporte”, analisa Davi. 

A missão está chegando ao fim. No próximo dia 13 os voluntários deixam Moçambique de volta ao Brasil. Por lá, deixam conhecimentos técnicos e sobretudo o viver o Evangelho. Na bagagem, muitas histórias e a certeza de que valeu a pena cada investimento em vidas.

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Veja mais fotos da segunda caravana emergencial do programa Voluntários Sem Fronteiras - Moçambique 2019.

 

por Marcia Pinheiro