Débora e Paula de Oliveira são irmãs, naturais de Petrópolis/RJ. Mas quando Debora tinha 7 anos e Paula, 12, seus pais se mudaram para Curitiba/PR com elas. Anos depois, em 1998, eles faleceram. As duas jovens irmãs perderam seus progenitores dois anos após Débora receber seu chamado missionário. Apesar da grande perda, Débora e Paula se sentiram ainda mais acolhidas por Deus e determinadas a viver todos os sonhos que Ele havia preparado para elas. Confiaram e seguiram em frente. Juntas, elas serviram ao Senhor em um país do Norte da África durante 14 anos e agora, em 2021, entenderam que é o tempo de retomar suas vidas no Brasil.

Preparação

Desde que sentiram o chamado de Deus para o campo missionário, Paula em 1984, e Débora em 1996, ambas na Igreja Batista de Jardim Pinheiros, as irmãs se prepararam para o dia em que viveriam o Ide em um outro país, sendo flecha nas mãos do Senhor para anunciar o Evangelho a um povo diferente do seu.

Paula fez vários cursos como Técnico em Secretariado; Preparação para entrada em campo missionário transcultural; Treinamento para Evangelismo de Árabes, entre outros. Em 1983, Paula sentiu que Deus estava lhe chamando para uma obra específica. Assim, em 1984, ingressou no Seminário Teológico Batista do Paraná para se preparar melhor, formando-se em 1987 no curso de Teologia com ênfase em Educação Religiosa.

Débora também se preparou através de cursos como Técnico em Enfermagem; Protegendo a Vida (Primeiros Socorros) pela Secretária Municipal de Curitiba e Curso de Facilitadores Hospitalares pelo Instituto Paranaense em Serviços de Saúde. No ano 2000, ela começou a estudar Teologia e também participou do Ministério Árabe, em Curitiba. Débora foi recomendada na reunião de Missões Mundiais, em março de 2006, para se preparar no Centro Integrado de Educação e Missões CIEM, Rio de Janeiro/RJ. Após esse período, ela seguiu para um campo missionário no Norte da África juntamente com sua irmã, Paula. O nome do país não pode ser divulgado publicamente, a fim de não comprometer a segurança das pessoas que foram alcançadas pelo Evangelho através do ministério de Débora e Paula.

“Foi um privilégio chegar àquele campo após o nosso chamado para trabalhar com povos árabes. Ficamos 14 anos em um mesmo campo, no Norte da África. Agradecemos ao apoio da igreja brasileira por estarem conosco, nos sustentando, neste ministério”, relembra Débora.

Desafios e alegrias

O contexto do país onde atuaram era muito restrito. Elas não podiam anunciar abertamente sobre o Evangelho. Em seus projetos, voltados principalmente para mães solteiras e seus filhos, Débora e Paula buscavam criar um ambiente propício e segura para, de forma muito discreta, falar sobre o Deus que salva e liberta os cativos.

Em meio a aulas de artesanato, fizeram amizade que se transformaram em vidas salvas para a eternidade. O número de conversões em um país fechado, de maioria muçulmana, não costuma ser grande como no Brasil. Mas cada vida rendida aos pés de Cristo é celebrada de maneira toda especial. E elas lembram que suas maiores alegrias foi poder realizar o batismo de duas mulheres na banheira de sua casa.

"A maior alegria durante estes anos no campo foi a conversão de duas mulheres com as quais trabalharam. As duas eram sozinhas. Uma era mãe solteira e a outra era uma mãe divorciada. Investimos em suas vidas até o dia em que se converteram. Também tivemos o privilégio de discipulá-las e batizá-las. O batismo lá não é público. Nós fizemos a cerimônia de cada uma, em anos distintos, na banheira da nossa casa. Não queríamos colocar suas vidas em risco. Foi algo muito importante, pois era o nosso objetivo: fazer com que aquelas mulheres se rendessem aos pés de Jesus”, conta Débora.

Mas as irmãs também viveram importantes desafios, como em 2011, quando o país passou por uma revolução e elas tiveram de permanecer alguns dias fechadas em casa. “Aquilo foi uma coisa muito nova para nós. Mas graças a Deus não houve guerra civil. E tudo voltou ao normal rapidamente”, relembra Débora.

Retorno ao Brasil
Neste ano de 2021 elas entenderam que a vontade do Senhor era para que retornassem ao Brasil. A missão está cumprida. Débora garante que a readaptação a sua cultura tem sido tranquila.

“Esta foi uma decisão que tomamos depois de muita oração e de buscar ao Senhor. Estamos bem tranquilas, sabendo que o tempo em que nós passamos no Norte da África foi o tempo que o Senhor nos quis ali. E agora, voltando para o Brasil, nós sabemos também que esta é a vontade do Senhor”, declarou Débora.

Paula aproveitou para agradecer à Missões Mundiais e a todos que foram, de alguma forma, usados por Deus em seu ministério.

“Nossa gratidão a Missões Mundiais, aos nossos irmãos que servem ao Senhor na sede, aos pastores, líderes, às igrejas... a cada irmão que nos possibilitaram servir ao Senhor no Norte da África. Somos gratas ao nosso Deus que nos sustentou e protegeu”, disse Paula.

Ela ainda deixou um recado aos vocacionados. “Queremos deixar uma mensagem para aquelas pessoas que ainda não atenderam ao chamado de Deus: os campos estão brancos para a ceifa. O Senhor precisa de você. Diga sim para Ele. Se prepare e siga às nações. Este é o mandamento que o Senhor nos deixou: “Ir e anunciar o seu Evangelho”. 

 

*Imagens meramente ilustrativas 

 

por Marcia Pinheiro