Os fenômenos naturais, as guerras e doenças continuam a ceifar vidas em diversos lugares do mundo. Mas, pouco é divulgado sobre uma calamidade que continua a fazer milhares e milhares de vidas em diversas partes do mundo: a FOME. 

A fome ainda é um dos maiores causadores de morte no mundo, e quando não mata deixa sequelas irreversíveis àqueles que conseguem sobreviver. Segundo um relatório da ONU, atualmente mais de meio milhão de pessoas vivem com fome. E entre 2021 e 2022, os níveis de crise de fome ou em pior situação, aumentou em 40 milhões em relação ao ano anterior. Em mais de 50 países ou territórios, 193 milhões de pessoas enfrentaram “segurança alimentar aguda". 

Além disso, um relatório da ONU apontou um crescimento expressivo da fome no mundo. No geral, mais 2,3 bilhões de pessoas (ou 30% da população global) não tinham acesso à alimentação adequada durante todo o ano. Esse indicador – conhecido como prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave – saltou, em um ano, tanto quanto nos cinco anos anteriores combinados.

A África, como sempre, é o continente mais afetado por esse terrível problema. Em minha recente viagem ao continente, estive no país que tem o 2º pior IDH do mundo. Devido ao radicalismo religioso que tomou boa parte do interior do país, próximo às fronteiras com países vizinhos, milhares de pessoas fugiram de suas vilas e se aglomeram em terrenos vazios na capital. A condição de vida é mais precária do que se imagina, e como consequência a fome mata centenas de crianças anualmente.

Em meio a esse caos, nossos missionários no país desenvolvem um projeto que salva crianças da morte. O nome do projeto, que chamo aqui de “Nutri-Salvação”, distribui alimentos como leite, farinha enriquecida e algo muito mais precioso àquelas mães: o pão do céu, que é Cristo. Acompanhei um dia de atividade de nossos missionários, como eles fazem o controle da evolução de cada criança, como advertem e encaminham os casos mais graves ao hospital, como visitam as famílias nas suas ocas, identificam outras necessidades e dificuldades.

Tive o privilégio de pregar para as dezenas de mães com seus filhos que esperavam o atendimento. Falei sobre a sabedoria dos amigos do paralítico que o levaram até Jesus. Disse que quando levamos nossos problemas a Cristo temos a respostas para nossos problemas visíveis, e a solução para o principal problema, nossos pecados, que muitas vezes não vemos, mas que nos levam para a eternidade longe de Deus.

Também orei por cada criança que entrava no espaço de atendimento. A maioria trazia em seu pescoço um patuá, ou amuleto, que identificava o encaminhamento ao feiticeiro da tribo e consagrada aos espíritos. Em minha oração eu impunha as mãos e dedicava as crianças ao Senhor, pedindo que Ele as tomasse para Si e as salvasse. Uma das crianças que tomei no colo tinha o nome árabe que significa “abençoado”. Ele chegou ao projeto com pouco menos de um ano de idade, e pesava menos de 3kg. Hoje, fora de perigo, “abençoado” está com um ano e quase 10kg, e é acompanhado pelos nossos missionários. Foi difícil conter as lágrimas em alguns momentos naquela pequena sala.

Ore pelo nosso casal de missionários e por suas duas filhas. Pelas duas irmãs de igrejas locais que ajudam no projeto. E por cada uma daquelas famílias atendidas. Estamos completando a missão através do Nutri-Salvação.

Pr. Jessé Carvalho 

Coordenador da JMM no Oriente Médio, Norte da África e Sahel Africano.