Após passar dias no Oriente Médio com um grupo de voluntários, junto ao povo yazidi, senti que meu coração e também meu entendimento nunca mais foi e nem será o mesmo. Deixar aquele campo de refugiados foi um dos momentos mais difíceis que já enfrentei no Oriente Médio.  Saber que naquele campo especificamente não há quase trabalho missionário algum realizado por estrangeiros, é inaceitável. A igreja no Ocidente não consegue perceber que chegar em comunidades como aquela dos yazidis deveria ser sua prioridade.   

Nossos missionários brasileiros estão ainda em processo de adaptação na região e, por isso, não podem estar naquela localidade em tempo integral; eles já possuem outras atribuições específicas as quais lhes permitem estar naquele país. Portanto, o tempo deles demanda atenção nessas outras áreas.  O mais triste é saber o quão necessário é haver alguém perto de meninos como Amém e Salomão, que já declararam não terem mais direito à esperança.    

Tenda de brincar

Deixei aquela região com um “buraco na alma”. O mesmo sentimento também era  nítido nos voluntários.  Seguimos viagem e no fim daquele dia chegamos na maior cidade do norte daquele país.  No dia seguinte, recebemos as informações necessárias para atuarmos nos últimos dias daquela viagem voluntária.  E no segundo dia, logo cedo, seguimos para conhecer mais um campo de refugiados. Dessa vez, conheceríamos o projeto Tenda de Brincar.

Sempre animada, a missionária responsável por esse projeto de Missões Mundiais nos mostrou tudo. Conhecer aquele lugar foi um bálsamo para toda equipe.  Afinal, já por dois anos falávamos dessa iniciativa nas igrejas no Brasil. Aquela era a oportunidade de vermos com nossos próprios olhos aquilo que o Eterno já está fazendo no Oriente Médio.  

Aproximadamente 100 crianças são atendidas no Tenda de Brincar, em dias alternados.  A equipe do projeto é muito coesa e o lugar é mesmo um oásis naquele campo de refugiados.  Tanto os voluntários da recreação e esporte, quanto os educadores fizeram um trabalho de excelência. Era nítida no rosto das crianças a alegria de serem tratadas com amor e dignidade. 

YAZIDIS

Ainda com os chips de celular daquele país, seguimos em contato com os meninos yazidis (Amém e Salomão).  Eles seguiam mandando mensagens e dizendo o quanto já sentiam nossa falta.  Confesso que não foi fácil saber que estávamos relativamente próximos deles, mas nossa atuação direta junto a eles e a sua comunidade já havia terminado. 

Ainda lá no campo de refugiados, onde Amém e Salomão moram, me comprometi que tentaria ao máximo ser a voz deles (yazidis) aqui no Brasil ou por onde passasse.  E nisso sigo empenhado. Não há um só dia em que não me lembro deles com carinho, com compaixão e com desejo de poder fazer ainda mais por aqueles meninos.  Quero voltar lá ainda este ano. Clamo ao Eterno para que me ajude e ilumine a levantar o recurso necessário e, assim, poder “estar de corpo presente” mais uma vez com eles. 

Ajude-me orando e levando outros a se comprometerem a interceder por Amém e Salomão, suas famílias e por todos os yazidis, que são as maiores vítimas da atual crise no Oriente Médio. Clame ao Pai para que eles possam voltar a ter esperança.              

Pr. Caleb Mubarak
missionário para o mundo árabe

Doe agora