Éramos, aproximadamente, 20 pessoas sentadas nos verdes pastos de um dos parques da cidade. Manhã de domingo, 20 pessoas, você provavelmente já sabe que esse grupo é uma igreja, não? Sim, é a nossa comunidade que, atualmente, não tem um local fixo para reuniões, e por isso nos restou a alternativa do parque da cidade.

A intenção era aparentar que estávamos ali para um piquenique, enquanto, na verdade, conversávamos sobre a Palavra e intercedíamos por cada um. Aqui não nos é permitido reunir para cultuar e por isso temos que ter soluções um pouco mais criativas, e por vezes arriscadas como essa.

Começamos a nos reunir assim em maio de 2020, e sempre temos muito cuidado para não chamar a atenção, e até então tínhamos êxito.

Contudo, naquele domingo algo diferente aconteceu. Após quase 30 minutos de encontro, e quando falávamos sobre a Palavra, dois oficiais vieram e imediatamente passamos a conversar informalmente, brincar com as crianças, beber água e esperar para ver o que os oficiais perguntariam. Um deles tirou uma ou duas fotos do grupo, passou ao nosso lado e simplesmente deu a volta, indo embora sem nos dirigir a palavra. Apesar do susto, concluímos que aquilo era só uma patrulha de rotina e que provavelmente faziam isso em todo o parque. Agradecemos ao Pai pela proteção, e mesmo com a tensão do momento continuamos nossa reunião, finalizando nosso estudo com uma intercessão e louvor (como estamos em um local público, nós apenas escutamos as músicas e, no máximo, acompanhamos à meia voz para não atrair olhares curiosos).

Assim que terminamos o encontro, percebemos dois homens, vestidos com roupas normais, olhando em nossa direção. Após alguns minutos, tiraram os celulares e passaram a tirar fotos do nosso grupo e se retiraram sem falar conosco. Claramente eram oficiais disfarçados, e naquele momento percebemos que nosso grupo era observado há algum tempo. Graças ao Pai, nada de mais grave aconteceu naquele dia.

Até agora não sabemos ao certo o que aconteceu, nem o que tudo aquilo significa, o que sabemos é que quando decidimos segui-Lo sabíamos o preço a pagar. Mais que isso: nosso grupo sabe que não abrir mão da comunhão pode, sim, acarretar em algumas consequências, mas também sabemos o que o Mestre nos deixou: “Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês” (Mateus 5.11).

Parar com as reuniões não é uma opção. No entanto, podemos nos adaptar. Não voltamos a nos reunir naquele parque, e agora nosso grupo se dividiu em dois menores e reúnem em locais diferentes: em casas, restaurantes, em parques... Crescemos como corpo e, a cada dia, percebemos o agir dEle em nós e por nós. Ainda estamos nos adaptando a essa nova fase, mas sabemos que nosso Pai nunca é pego de surpresa e Ele seguirá cuidando de nós.

Ore por nós, seus missionários aqui no Leste da Ásia. Interceda também pela comunidade, para que Deus nos proteja da perseguição e continue a multiplicar os seus discípulos aqui no país em que estamos. Ore para que as pessoas sintam o poder de transformar que só Jesus pode dar.

Ael e Bel Oliveira

Missionários no Leste da Ásia

ADOTE