Em sua adolescência, Alceir Ferreira era um assíduo leitor da revista O Campo é o Mundo, editada por Missões Mundiais na década de 1980 e que mais tarde ganhou o nome de A Colheita. Naquela época seu chamado ainda não era claro. Na juventude, foi para o Seminário Teológico Batista Fluminense, em Campos dos Goytacazes/RJ onde a leitura da revista da JMM era uma prática quase que diária. Foi nesta época que ele conheceu uma seminarista, Cenilza, com quem se casou ao fim de 1984, logo após concluírem a formação Teológica. Depois, seguiram para o primeiro ministério pastoral, no Maranhão.

Em todas as etapas, Deus preparava o casal para a obra missionária. O primeiro campo de atuação em Missões Mundiais foi a fronteira do Brasil com o Uruguai. Era um convênio entre a JMM e a Convenção Batista do Rio Grande do Sul.

“O projeto consistia na revitalização de uma igreja brasileira que já estava fechada e a abertura de uma frente missionária do lado uruguaio. A obra foi realizada durante 3 anos. A igreja continua ativa até hoje, 30 anos depois. E a frente batista do lado uruguaio produziu grandes frutos para a glória do Senhor”, alegra-se Alceir.

Trajetória

1991 - 1993 – Jaguarão/RS – Rio Branco/Uruguai
1994 - Colômbia (Santa Marta)
1995 - 1998 - Colômbia (Tucurinca e Fundación)
1999 - junho 2005 – Colômbia (Floridablanca)
Julho - dezembro de 2005 – África do Sul (White River-Estudo da língua)
2006 - 2013 – Botsuana (Palapye)
2014 - maio 2017 – Brasil (Mobilização)
Junho 2017 - fevereiro 2021 - Paraguai
Março - maio 2021 - Promoção

Momentos de grandes alegrias e desafios

Ao longo destes 30 anos servindo ao Senhor como missionários de Missões Mundiais, o casal experimentou o cuidado e direcionamento do alto em suas ações. E cada desafio era sucedido de momentos de grandes alegrias. Mas um momento era ainda mais especial para o Pr. Alceir, o batismo.

“Cada vez em que batizamos alguém é difícil conter as lágrimas. Organizar uma igreja e transferi-la para a liderança local, sentir que a tarefa foi cumprida, não há alegria maior que essa. Ver que a obra se consolidou. São muitos pontos altos de alegria”, recorda.

Eles enfrentaram a distância da família e de amigos por amor ao Senhor de Missões, cumprindo com excelência o seu chamado.

“Um grande desafio foi ter que deixar nossa filha para trás, quando nos mudamos da Colômbia para Botsuana. E também ter que aprender a língua inglesa, depois de já ter aprendido o Espanhol, aos 40 anos, foi bastante pesado. Isso tendo também que aprender a língua tribal”, conta Alceir. “Desde o começo, o nosso chamado implicou em estar longe da família. Inicialmente no Maranhão, depois Uruguai, Colômbia, África e, por último, o Paraguai. Nem sempre é fácil”, emenda.

No início, o casal chegou a ficar até 4 anos sem ver a família. A comunicação era só por carta e, com muita dificuldade, por telefone. Ainda não havia e-mail, videoconferência, tampouco WhatsApp.

“Mas o Senhor prometeu, na Grande Comissão, estar conosco todos os dias. E esta realidade nos consolava e fortalecia nos momentos de distância de amigos e familiares”, garante.

E Deus ia levantando pessoas prontas a sustentar suas cordas e orações e ofertas para que a missão de Alceir e Cenilza fosse cumprida.

“Sem este apoio e sustento em oração nós não teríamos ido. Mas além disso, em várias ocasiões tivemos visitas de voluntários. Sempre foram momentos de grande celebração e também de muito trabalho. Era sempre muito bom poder falar Português, principalmente na África onde não tínhamos com quem falar o nosso idioma. O apoio dos batistas brasileiros foi marcante durante todo esse tempo no campo”, revela o pastor.

O casal entende que todos somos chamados a obedecer a Grande Comissão, seja orando, contribuindo ou indo, e deixa um recado àqueles que ainda não entenderam o seu próprio chamado.

“Para alguns este chamado implica em deixar a nossa casa, a nossa família, a nossa nação e ir para onde os não alcançados estão, pregar as Boas Novas e plantar igrejas entre eles. Isso pode ser difícil e assustador. Mas aquele que comissiona, também capacita e vai junto. Não tenha medo de obedecer”.

E o pastor considera Missões Mundiais como uma serva da igreja, do missionário, no cuidado, no pastoreio, no treinamento e na capacitação.

De volta ao Brasil, a saudade já é grande. O casal está redescobrindo o significado de ser membro de uma igreja.

“Estamos congregando em uma igreja onde nos sentimos felizes e úteis à obra do Senhor. A saudade do campo é grande e ainda dói. Os sentimentos e as lembranças ainda são muito fortes. Mas por outro lado estamos felizes de estarmos onde o Senhor nos colocou, ao lado de nossa família, principalmente neste momento de perdas por conta da pandemia, quando pudemos chorar juntos”, afirma o missionário.

No coração, o sentimento de gratidão tem lugar certo.

“Nossa gratidão por conhecer a Deus, por meio de Jesus Cristo, e servi-lo. ‘No serviço do meu Rei eu sou feliz, satisfeito e abençoado.’ (cantarola o hino). Meu agradecimento também às igrejas batistas brasileiras pelo amor e pelo cuidado ao longo destes 30 anos de serviço no campo. Não faltaram a oração, o apoio espiritual, tampouco o apoio material. Louvo a Deus pela fidelidade e carinho de cada batista brasileiro”, reconhece.

“E também minha gratidão a Missões Mundiais e a todos os seus colaboradores. Nos acompanharam com paciência, compreensão e cuidado ao longo de todos estes anos. A palavra ‘obrigado’ é muito curta para expresser toda a minha gratidão por tudo o que Missões Mundiais fez por nós”, encerra.

 

por Marcia Pinheiro