Com o desejo de aprender na prática e vivenciar uma nova realidade nos campos missionários, a mineira Rayssa Alves, de 23 anos, encontrou no Programa Voluntários Sem Fronteiras, de Missões Mundiais, uma oportunidade para atender ao chamado do seu coração. Por duas semanas, entre fevereiro e março deste ano, a jovem da Igreja Presbiteriana no Jardim América (Belo Horizonte/MG) pôde auxiliar, juntamente com outros voluntários, os missionários de Moçambique.

Veja abaixo como foi essa experiência em entrevista com Rayssa Alves.

Como você apoiou o projeto durante o tempo em que esteve lá?
Rayssa: Eu fui com planos de fazer evangelismo criativo, pois meu alvo é sempre o Ministério Infantil. Mas chegando lá, tive outras oportunidades além de ministrar às crianças. Pude ensinar professores sobre a importância da educação cristã e do ensino bíblico, visitei escolas, creches e muitas casas com mulheres doentes, e também conduzi estudos bíblicos tanto nos lares como na igreja local.

Como foi o relacionamento com os missionários e o povo local?
Meu relacionamento com os missionários foi excelente, construímos um vínculo forte em pouco tempo. Deu até aquela sensação boa como se nos conhecêssemos a muito tempo, pela facilidade de interação. E com o povo nativo, houve uma troca boa de ensino e imersão cultural. Senti como se estivesse conhecendo alguns parentes distantes. Foram encontros saudáveis, edificantes e muito singulares.

Quais as maiores necessidades que encontrou no campo?
No campo sempre há alguma necessidade emergente. Mas com o foco no ministério infantil, eu observei a escassez de obreiros, falta de preparo e interesse de muitas igrejas em relação às crianças. Em Moçambique, precisa-se de mais mão de obra, recursos e dedicação, além da que os missionários já têm.

O que Deus falou ao seu coração durante o período em que ficou no campo?
Deus, de forma amorosa e paciente, usou cada momento de uma maneira específica para tratar algo no meu íntimo. Ele me fez lembrar que somos um! Que a igreja não é um templo cheio de fiéis; que somos seus, e que Ele está voltando. Ele fortaleceu a minha fé e esperança. E me corrigiu no que tenho falhado.

Houve algum testemunho que foi marcante para você?
Ouvi tantas histórias em todo momento... e elas comunicaram algo importante à minha vida, sem dúvida nenhuma. Principalmente a história de vida das missionárias, como chegaram lá e o que Deus fez na vida delas desde então. Todas têm em comum o Plano de Deus em suas vidas. Sempre sendo obedientes, e vivendo dia após dia sob a graça e proteção de Deus, fazendo delas suas testemunhas.
Mas uma história que quero contar aconteceu próximo ao nosso retorno ao Brasil. Meus amigos e eu, acompanhados de duas missionárias locais, fomos um sábado de manhã ao bairro Manga fazer um culto infantil. Era bem longe e o dia estava quente. Quando chegamos havia um templo em construção e, do lado do templo, algumas chapas de ferro apoiadas em estacas de madeira... E ali seria o culto.
As crianças começaram a chegar aos poucos e quando vi já eram umas 50! Todas reunidas aprendendo canções e ouvido o Evangelho.
Enquanto eu ministrava, o suor escorria e eu me lembrei de que um ano atrás pedi a Deus que me preparasse para ir e fazer o que devia ser feito, em qualquer circunstância, ainda em lugares que não houvesse a mesma estrutura que estou habituada a trabalhar... E ele me preparou e me deu "salas de aula" muito diferentes. Eu já havia falado em templos simples e pequenos, embaixo de árvores, nos quintais de casas... E agora estava embaixo de chapas com 50 crianças!
Foi emocionante, eu derretia por dentro de emoção e por fora de calor.
No final, quando eu fiz o apelo, uma garotinha recebeu Jesus como Senhor da sua vida. E ali percebi que tudo valia tanto a pena... As outras crianças estenderam as mãos e oramos com ela. Foi lindo.
E se tudo que eu devia fazer ali era exatamente isso? E se todo esforço e propósito em ir tão longe para comunicar Cristo a crianças, talvez era uma criança? Uma criança que se rendeu a Cristo como Salvador? Então, tudo fez sentido. Valeu muito a pena. E eu iria quantas vezes fossem necessárias. Faria tudo de novo.
E só Deus sabe como foi difícil conseguirmos chegar até a África, foi um exercício de fé e aprendi a descansar e confiar em Deus como nunca. E Ele me deu o privilégio de ser testemunha dos seus grandes feitos. Louvado seja Deus.

Qual foi a lição que ficou dessa experiência toda?
Entendi que estou em obras, constante mudança... Tenho muito que melhorar, e mudar. Tenho que me esforçar para cumprir com excelência o que Deus requer de mim como igreja.
Nós, a igreja, não fazemos nem o mínimo e dizemos que o servimos. Vamos ao culto todos os domingos, participamos das atividades e dizemos que estamos "servindo ao Rei". Mas ainda há tanto a ser feito, em obediência...

De volta ao Brasil, e agora?
Eu voltei com o desejo de que todos que eu conheço pudessem ter essa experiência. Assim todos iríamos melhorar no tratamento uns com os outros, reorganizar as prioridades, aprender a fazer o que Jesus faria, andar e viver como Ele fez enquanto esteve aqui como homem, adorar e bem dizer a Deus em todas as situações, dar suporte aos irmãos, visitar órfãos, viúvas e doentes, ser Igreja.
A frase que me disseram quando cheguei foi: "Ninguém volta o mesmo depois de estar na África". E eu não sou a mesma... como fui edificada pelo Senhor! Sou muito grata por tudo que vivi e aprendi nesse tempo como voluntária.
Que Deus abençoe Moçambique e que cuide dos nossos irmãos!

Assim como a Rayssa, você também pode experimentar um momento especial de serviço ao Senhor participando do Programa Voluntários Sem Fronteiras. Mas esteja atento às datas. Devido a situação da Covid-19 que assola o mundo, o calendário desse ano sofreu algumas alterações e as viagens do Programa só voltarão a acontecer no segundo semestre de 2020. Para mais informações, confira o comunicado da coordenadora dos voluntários da JMM, Luciana Nascimento, aqui.

 

Jamile Barros (com supervisão de Marcia Pinheiro e Carla Barros)